Texto Curatorial

Volumes, cores, diversão e encantamento

Tomo Koizumi é superlativo. Impossível escapar do excesso de adjetivos para descrever suas criações.

São metros e mais metros de organza japonesa em uma incrível paleta de cores, composições exuberantes, volumes poderosos que embalam as modelos, criando um mundo de conto de fadas.

Não aquele das princesas, príncipes, dragões, bruxas. Mas do onírico universo pop japonês dos mangás, animes, robôs e bonecas, além de elementos do mundo kawaii que estão na origem de sua inspiração.

A própria história de Tomo parece fonte para um romance: autodidata, foi descoberto e alçado a estilista de celebridades e pop star do mundo da moda como um cometa.

No meio disso tudo, a surpresa de ter sua primeira individual justamente do outro lado do mundo, em um país comumente associado à exuberância, onde ele nunca esteve, mas com o qual parece imediatamente conectado em criatividade e estética.

Para sua estreia brasileira, Koizumi criou três novas peças a partir de sua observação da estética do carnaval das escolas de samba, combinada ao design do obi, elemento do quimono, do Japão.

Acostumado a trabalhar como figurinista, seus desfiles têm um notável caráter teatral e performático, demonstrando a importância dada ao movimento e caimento das roupas quando em uso.

Para reproduzir um pouco dessa experiência, inserimos na mostra registros de um de seus desfiles mais recentes, a apresentação de sua coleção Primavera/Verão 2020 na Fashion Week de Tóquio.

Também pensando nessa ambientação, a expografia foi cuidadosamente desenhada para recriar certa dramaticidade e ritmo. Elementos referenciais de seu processo criativo foram incluídos seguindo a linguagem das mídias sociais, ferramenta de difusão e comunicação básica da geração de Tomo.

As 13 obras presentes nesta exposição foram vistas pela primeira vez em território brasileiro no fim de 2020, na sede da Japan House São Paulo. Agora ocupam o belíssimo espaço da Fundação Iberê, inaugurando seu Departamento de Moda, e celebram a primeira parceria entre estas duas instituições culturais.

É uma grande honra e satisfação poder apresentar a produção deste jovem estilista japonês e contribuir para a difusão da cultura japonesa também na Região Sul do Brasil, especialmente em uma instituição com percurso tão admirável.

Divertidos, glamourosos e irreverentes, os vestidos de Tomo nos relembram que os dias de festa vão voltar.


Natasha Barzaghi Geenen
Diretora Cultural da Japan House São Paulo e curadora da mostra